Inflação dos aluguéis acumula alta de 20,93% no intervalo de um ano

Também conhecido como a inflação dos aluguéis, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) teve uma variação de 3,23% nesse mês de outubro. O valor representa uma desaceleração quando comparado ao aumento de 4,34% em setembro, mas no acumulado dos últimos 12 meses o salto é de 20,93%.

O novo valor do índice poderá ser aplicado a contratos de aluguéis que vencem em novembro e serão pagos em dezembro.

Caso o aumento seja repassado integralmente ao inquilino, um aluguel com valor de R$ 1.000 passa a custar R$ 1.209,30 com a variação. Mas os inquilinos que estão com contratos perto do prazo de vencimento podem se antecipar e tentar negociar o valor.

inflação dos aluguéis

A alta na inflação dos aluguéis em outubro é bastante superior à variação registrada no mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2019, o crescimento do índice havia sido de 0,68%, com alta de 3,15% acumulada no período de 12 meses ante os 20,93% atuais.

Em relação à desaceleração do índice em comparação a setembro, a principal justificativa apresentada foi o recuo nos preços de minério de ferro. Enquanto no mês passado a variação no preço da commodity foi de 10,81%, em outubro o índice apresentou uma queda de 0,71%.

O resultado contribuiu para o recuo na taxa do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), de 5,92% em setembro para 4,15% neste mês. E como o valor do IPA corresponde a 60% do valor da inflação dos aluguéis, a baixa neste índice impactou diretamente no resultado do IGP-M.

Outros valores continuam em alta

Segundo o coordenador dos índices de preços, André Braz, os demais índices que compõem o IGP-M permanecem em alta.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), subiu 0,77% em outubro, valor pouco superior aos 0,64% registrados em setembro. Neste índice, a alta foi puxada pelo aumento no setor de alimentos, no qual o índice dos produtos subiu 1,90% ante 1,30% no mês anterior.

Enquanto isso, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), teve uma variação de 1,69%. Isso se deve à alta no setor de materiais e equipamentos, no qual a taxa passou de 2,97% em setembro para 4,12% em outubro.

Já a lista de despesas com habitação, grupo que integra o IPC e a cesta do IGP-M, teve variação de 1,55% no período de 12 meses até outubro. O valor é basta inferior ao crescimento de mais de 20% da inflação do aluguel no mesmo intervalo de tempo.

Como evitar o impacto da alta na inflação dos aluguéis

Para os inquilinos que estão prestes a renovar o contrato de aluguel, ter um histórico de bom pagador deve dar uma boa vantagem na negociação.

Além disso, fazer uma pesquisa da média de preços na região também é uma estratégia importante. Isso porque os contratos normalmente são longos, e nesse meio tempo muitas mudanças podem ter acontecido nos valores de cada região.

Segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo, os locadores devem se mostrarem dispostos a negociações com locatários nos próximos meses. Afinal, para eles é mais vantajoso negociar do que correr o risco de ter o prejuízo de um imóvel desocupado.

Além disso, uma possível vantagem para locatários em situações de negociação é o fato de que no atual cenário de crise econômica, aplicar integralmente a inflação dos aluguéis é tida como impraticável.

Sobre o uso do IGP-M nos contratos de aluguel, são duas as razões principais apontadas para isso. A primeira é o fato de que havia uma necessidade de instituir um índice capaz de proteger contratos de locação em períodos de hiperinflação – o que pode ser entendido como uma herança da instabilidade.

Outro fator determinante para esta relação entre o IGP-M e os contratos de aluguel se refere ao período de divulgação do índice. Isso porque entre os índices de inflação este é o primeiro a ser anunciado, sempre antes do encerramento do mês, o que permite que os cálculos possam ser antecipados.

Segundo a lei do inquilinato, que prevê um índice de correção nos contratos, não é permitido ajustar o aluguel antes de 12 meses.

Estudante de Jornalismo no Centro Universitário Internacional Uninter e ator profissional licenciado pelo SATED/PR. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.

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